domingo, 24 de janeiro de 2010

sina .

eu sei que não é normal olhar para o nada.
eu sei que o silêncio incomoda.
eu sei que o olhar está diferente, que há um brilho estranho.
mas é que não tem como fazer outra coisa ultimamente.
e não, não sei porquê.
não é meu.
só não sei o que estou fazendo aqui agora -
mesmo que esse agora tenha durado e dure mais um pouco.


(...)
Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz
Com a nossa pressa
Com o resta que nos resta
Lamentavelmente eu sou assim
Um tanto disperso
Ás vezes desapareço
Pois depois recomeço
Mas antes me esqueço

Nossa sina é se ensinar
A sina nossa é.

Minha senhora diz:
Bons ventos para nós
Para assim sempre
Soprar sobre nós.

[ Sina Nossa - O Teatro Mágico]

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

mais uma vez, Clarice.

Sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico e fantástico - a vida é sobrenatural. E eu caminho em corda bamba até o limite de meu sonho. As vísceras torturadas pela voluptuosidade me guiam, fúria dos impulsos. Antes de me organizar, tenho que me desorganizar internamente. Para experimentar o primeiro e passageiro estado primário de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me.

[trecho de Água Viva, de Clarice Lispector]