sábado, 29 de novembro de 2008

... continuando "uma rosa":

a rosa se sente bem com a chuva.
é uma mistura de sensações:
os pinguinhos suaves batendo nas suas pétalas...
o conforto.
o cheiro da terra molhada...
as lembranças.
o vento que a balança...
a mudança.

ela está viva.

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acerca das consistências e tamanhos.

mais um começo de tarde no bandeijão chique:

- nossa! já acabamos?
- é.. comemos muito rápido.
- a fome era tanta... nem falamos nada.


- meninas, posso tirar os pratos? a comida estava boa?
e ele já vai retirando, mesmo sem a primeira resposta.
algumas estavam mastigando e só emitiram um singelo "uhummmm".

- só não consegui comer isso aqui. está duro e eu não gosto de coisas duras.
- hã???
todas se entreolham. risinhos.
- aah gosto de coisas duras e grandes, mas não isso aqui ! só comi as florzinhas ...
- bom.. melhorou um pouco.
- florzinhas??
- é aquelas coisinhas da ponta.
- ...

- você vai escrever sobre, né?
- vou sim ! rs
- acerca das consistências e tamanhos.


alguns minutos depois, na fila para pagar a conta.
- odeio filas !
- já viu quem está ao lado?
- titia !
- fala baixo e sem empurrar, por favor.
- ...

e titia se aproxima e fala:
- aah vou aproveitar que a proac está aqui... posso entrar na frente de vocês?
- pode, né? sem problemas...
- só não posso pagar a conta de vocês, tá?
- poxa.. a gente estava contando com isso.
risinhos atrás.
- é brincadeira.
- eu sei !

- tchau, meninas !
e todas:
- tchaaaau !


- a gente tem educação.

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

rosa.

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numa terra longe daqui há uma rosa.
tudo o que sabem verdadeiramente sobre ela se resume a duas palavras:
uma rosa.

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

...

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ocupada.
cansada.
desligada.

e controlando o descontrole que não é só meu.


... a cigana quer seguir outros ventos.


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domingo, 23 de novembro de 2008

chuva dos contrários.

o som da chuva me lembra os contrários.
aqueles que estão na minha vida, aqueles que sinto.
o tipo de coisa que me agrada e me confunde.
amor e dor.
não tem como ser diferente.
sou da ordem dos contrários.
os contrários que se encontram.

passado, presente e futuro.



... e amiguinha falou:

- fui a uma cartomante. ela falou que você é uma amiga verdadeira.
- ufa !
- você prefere ouvir, não gosta de falar de si mesma ... fica muito triste.
- é, né?! tem coisa que a gente não esconde, mesmo não falando.
- aahhh e ela disse que você não sabe escolher de quem gosta.
- pois é. e isso é uma beleza ... ô karma !


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sábado, 22 de novembro de 2008

muda.

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é mais fácil correr.
é mais fácil deixar.
é mais fácil não ser.
é mais fácil não viver.

quem disse que o mais fácil é o melhor?

a dificuldade maior a gente cria.
o pior é quando a gente acredita nela.

acreditando, permite-se o controle.
do interior ao exterior.
depois de algum tempo, interior novamente.
e o que acontece ?

muda .



... tem um outro conto querendo nascer. daqui a pouco chega a hora.

parece que o tipo de coisa que quero não existe mais... ou não é para mim.
para meu espanto : já nem sei a diferença que faria aqui dentro.
o vento traz.
o vento leva.
o vento venta.

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

...

de volta para a casa.
as árvores da alameda fazem falta.

chuva e frio... como eu gosto !
pois é, não sou daqui. eu sei.

é tão bonito o reflexo da chuva na lagoa.
e o ventinho que bate.

encontro perfeito: vento, chuva, lagoa e plantas verdinhas e alegres.
e eu vi.
novamente senti e lembrei de sei lá o quê.
é a vida .


escrevendo e relembrando ao som de Little Joy.


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o almoço de zumbi.

... enquanto zumbi organizava seu quilombo em algum lugar do tempo e do espaço, mais um dia de almoço coletivo no bandeijão chique :

- boa tarde, senhora !
- boa tarde !
- é para três ?
- não, seis !
- aah tá. [esse povo da uff vem em bando para cá, faz uma bagunça danada... e depois ainda pede desconto !]

- coloca essa no blog, vizú !
- ah não, isso é pra fotolog.
[cai o cani no chão ... essa gente se enrola com pauzinhos.]
- mas e as fotos? rapaz, cadê a câmera?

- a câmera ficou na mochila .
- maravilha... rs
- é aniversário de alguém?
- não. estamos celebrando a amizade !
- aaah é. está bem.

- o senhor aceita mais um chopp?
e todas, menos ele, respondem:
- não. ele ainda vai trabalhar, moço... hahaha
e ele, com seu harém, fica com cara de bobo .

- e a chefe, rapaz?
- estou com medo dela... vou levar cachaça pra ver se acalma.
- hauhauuahuahuha.

- hora de voltar. quem paga a conta?
- tem desconto.
- oba ! metade ele, metade o resto.
- assim não dá.
- deixa para a próxima.
- semana que vem.
- certo !


... doce morena rosa, olha aí, escrevi !
vou sentir tanta saudade ...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

...

... porque eu amo olhar para o nada.
olhando pra o nada, me aproximo do tudo.
e fico quieta. uma calma chega devagar.
o espírito pede um pouco de descanso... e recebe.
o frio ajuda.
alguém grita ...
estou de volta.


posso ficar longe.
não mata.
é bom.


eu sei que você sabe que eu sei que você sabe.
não precisa fingir que está tudo bem .
para mim, na verdade, está.
não foi culpa minha... nem sua.
a gente só queria a mesma coisa.
aconteceu.
sempre acontece.
não é a primeira ou última vez.
você sabe.
e eu sei.
nada sabemos.



a coruja fez terapia do sono.
conseguiu dormir,
mas não acordou.
era cedo e ela não gostava do sol.
então, só abria os olhos e saía.
e fazia o que precisava .
faltava alguma coisa.
então, abria os olhos.
ela pertencia à noite.
e não queria perdê-la.
terapia de novo?

sono .
sonho.

acorda !
oi, sou eu.


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sei lá o quê.

... não me ofereça monossílabos quando deixo à sua disposição o maior número de arranjos possíveis da língua, portuguesa ou não, e todas as formas de linguagem.
mais do que isso: o que te ofereço é simples e sincero. incontável e incomparável.
é a linguagem do sentimento verdadeiro. aquela que não tem fronteiras, que não precisa sequer de símbolos pra exprimi-la, que é universal e que entende-se até de olhos fechados e ouvidos tapados.
por isso, mantenha a alma aberta.
não é sempre que tenho forças para procurar as chaves ou entender o que há por trás de uma letra.
se é que há alguma coisa.
chave ou sentimento.

sei lá o quê.



[descansa coração e dorme em paz]



"as pessoas acham que eu tenho a resposta,
mas eu não sei qual é a pergunta". (Renato Russo)

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

...

... tenho pensado muito na eternidade ultimamente.
não no palpável, claro. 
o que é eterno não tem como ser mensurado.
falo daquelas coisas que mudam a gente para sempre,
que deixam marcas inconfundíveis e sem definição.
momentos absurdamente loucos e sem sentido.
pessoas especiais.
lugares, cheiros, gostos, sons ... memoráveis e únicos.
únicos por si só.
porque são.

só me resta pensar nisso.

as outras milhões de coisas que tenho que fazer, faço.
sempre faço.
faço para não lembrar o que não consigo esquecer.
o que está indo embora.
o que talvez nunca tenha estado.


[socorro]
 
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sábado, 15 de novembro de 2008

o encontro e a eternidade.

no jardim próximo à serra havia uma espécie rara de girassol.
ele não virava para o sol e, segundo a lenda, tinha uma vida curta.
sua grande paixão era a lua e seu encanto misterioso .
era o brilho fosco da lua que o alimentava, ainda que não fosse o suficiente.

o girassol sabia que negar o sol seria o seu fim. e próximo.
mesmo assim, não se importava:
queria aproveitar o máximo possível aquela sensação inexplicável.
ele e a lua.
esse encontro, para o girassol, era tudo.

a cada momento o girassol descobria que a lua era a sua alma.
ele se entregava , e, ao se entregar, vivia.
em pouco tempo não estaria mais ali,
mas a alma é eterna. e ele sentia.

a natureza agradecia, fascinada,
porque presenciava o grande encontro com o infinito.
aquilo que só a entrega permite conhecer.


a eternidade não precisa de muito tempo.
o desencontro está em acreditar no fim.


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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

...

... ainda tem mais umas coisinhas:
também acho que o que quero ainda não tem nome.
saudade dói.
a insônia me convenceu: o céu e o infinito.



"diz quem é maior
que o amor
me abraça forte agora
que é chegada a nossa hora
vem vamos além
vão dizer
que a vida é passageira
sem notar que a nossa estrela
vai cair."


... tenho andado ocupada demais.
é bom e é ruim.
como sempre ... os contrários.


algumas coisas ficam guardadas até a gente saber o que fazer com elas.

olhos? olheiras.


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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

sublime.

... o inesquecível me sustenta hoje.
não quero que essa sensação vá embora.
tem alguma coisa diferente e preciso que assim continue.
vou tentar... está além.
como disse Jagger:
nem sempre você pode ter o que quer,
mas se você tentar,
pode ter o que precisa.
e é isso.

eu preciso, sim.
e nada é impossível de mudar.
estava ali ... e eu vi e senti.
a minha alma chorou.
outras almas sorriram e choraram.
então, minha alma sorriu.


foi sublime.
gosto dessa palavra:
sublime.
é inesquecível.


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domingo, 9 de novembro de 2008

o 8 de novembro de 2008

o dia das descobertas, passagens e surpresas.

sim, eu estava feliz.
acho que ainda estou.
feliz, principalmente, por ter passado por mais uma etapa e por ter feito pessoas felizes.
era preciso concluir algo na minha vida.
só eu sabia o que isso significaria.
o que significou.
ontem eu percebi que os ritos são importantes.
percebi, mais uma vez, que contribuir para momentos felizes dos outros me completa.
é isso. acho que aí estava o mistério.
tudo aconteceu para que chegasse aquele dia.
eu vi uma luz.
as supresas foram inscríveis.
os amigos, maravilhosos.
os mestres, brilhantes.
as tensões, essenciais.
as alegrias, inexplicáveis.


... daqui a pouco continuo.
algo está diferente aqui.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

... seguindo "a fada e o sapo" :

para a fada, o sapo é o príncipe dos duendes.
a alma dele não é de um sapo comum.
ela quer vê-lo bem na floresta,
ao seu lado ou não.
e é isso o que importa .

alguns seres da floresta são encantados
e, muitas vezes, não percebem a força que têm
e a grandiozidade das suas almas.
é uma questão de tempo,
é aprender a amar e a ser amado,
é dar espaço para a vida plena.



... é preciso dar um tempo nessa história.
ouvi dizer que é bonitinha, mas realmente precisa de tempo.
não pode ser o fim.
tempo.
tempo.
tempo.
alguém quer?



eu quero tempo.
quero o mundo.
quero o que se quis há algumas décadas.
é coisa de louco?
pode ser.
lembro de ter lido em algum lugar que pra ser feliz é preciso ser louco.
então tá.
ser louco.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

terça-feira

... fiquei com as unhas roxas,
com o rosto pálido,
e sem saber o que pensar.
sobrecarga,
tensão
e insônia.
está tudo bem, sério,
é tudo momentâneo.



... e, continuando o conto "a fada e o sapo":


a fada ainda ama o sapo.
não sabe até quando vai durar.
ela teme estar entendendo tudo errado.
o que deseja, nem ela sabe.
às vezes, tem vontade de ser sapa
e de brilhar como fazem aqueles bichinhos da noite.
não consegue.
chega a pensar que a ela não é permitido esse tipo de coisa,
porque, afinal de contas, é uma fada.

hoje ela descobriu que somos,
na verdade, contemporâneos do nosso passado.
que ao olhar para o céu vê o que já passou.

e a vida segue:
a fada ainda ama o sapo.
não deixou de amar.
sofre porque quer,
e deve saber disso.
ela, no fundo, agradece ao sapo.
conheceu lugares da sua alma que nem imaginava que existiam.

a fada também sente falta dos duendes.




... sobre o céu e o passado merece mais.
e vai ter, qualquer hora dessas.

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

... histórias e mais histórias.
a vida deveria ser um conto de fadas.
é só observar.. e a gente consegue.
está ao nosso lado.

gosto de contos.
atendendo a pedidos, inventarei mais alguns.
sim, inventarei.

a fada e o sapo foi só o começo.


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domingo, 2 de novembro de 2008

a fada e o sapo.

essa é a história de uma fada que se apaixonou por um sapo.
sim, uma fada. não uma princesa.
princesa é irreal demais.
ela não gostava muito de ser irreal,
mesmo que muitas vezes assim parecesse e fosse.

a fada estava lá, sozinha, no seu canto.
sozinha, porque era como ela se sentia.
não importava o que acontecesse.
apesar disso, vários duendes a acompanhavam sempre.
os duendes eram tudo para ela, mas ela não. não era.
eles sabiam disso. pelo menos, deveriam saber.
o que eles sabiam, de fato, era que nunca chegariam ao ponto de entender o que se passava na cabeça dela... o que fazia aqueles olhos perderem o brilho diferente de uma hora para outra, o que a fazia chorar desesperadamente, o que a fazia se desprender tanto.
era o mistério mais claro que havia entrado na vida deles.

eis que num belo dia, ou melhor, numa bela noite,
cruzou com os olhos de um sapo a cantar.
ela não deu muita confiança, estava celebrando com os duendes.

só que a fada, mais sensível do que nunca, não contava com a astúcia do sapo.
aí está uma contradição.
no meio de tanta sensibilidade, de coisas que pareciam tão verdadeiras e fortes, não estava conseguindo entender direito os sinais.

o sapo sempre dava um jeito de tentar encantar a fada ...
e ela, com seu encanto sutil, correspondia.
acreditava em coisas que não se vê.
na floresta, encontrava umas sapinhas acompanhando esse sapo, mas não se incomodava a fundo.
sabia que era assim que funcionava a vida dos seres terrestres.

algo incontrolável acontecia.
ela sentia tanto, que não sentia mais nada.
quanto a ele, não sabia ao certo, pareceia não saber o que queria ou o sabia muito bem.
e ela temia.
temia estar com neblina a sua volta.
temia estar de volta ao mundo da ilusão.
temia estar enganada.

eram muitos temores.
a cabeça dela já não estava dando conta.

o canto do sapo a hipnotizava.
ele dizia que queria ser vaga-lume.
ela gostava.

até que um dia ela percebeu,
com a ajuda de uns duendes e uma sapinha,
que tinha alguma coisa estranha acontecendo com aquele sapo.
o papo dele estava indo longe demais.
tudo o que ela queria era entender e aceitar, mesmo que demorasse,
porque sabia que não podia controlar tudo.

o tempo passava,
a dor aumentava.
ela descobriu coisas que não queria.
não queria que fossem verdade,
mas só conhecia uma parte da história.
e sabia que não era o suficiente.
os duendes ficaram bravos
e não acreditaram em lágrimas derramadas.

a fada,
que sempre foi chorona,
que cuidava de tantas coisas na floresta,
que sentia o mundo em suas mais dolorosas faces,
não chorou.
ela estava cansada dos fantasmas,
cansada do que o sapo a fazia lembrar,
ainda que não tivesse o que lembrar, objetivamente.

então, numa noite cheia de sonhos - porque vivia deles -
a fada decidiu não pensar mais, não amolecer, resistir.
ela tinha a noção de que seria difícil e aos poucos, mas a decisão, por si só, já trazia certa calma.
só ela compreendia o quanto as decisões doíam e aliviavam.
o sapo?
contiuava a ser quem era, com as mesmas coisas.
talvez não tivesse idéia do que a fada estava passando,
mas gostava dela
porque ela fazia bem a ele de alguma forma, e voava.

a história não acabou.
a fada ainda sente o sapo, mas tem que aprender a não sentir.
não desiste fácil dos seres.
ela se entrega, se rende, mas mantém a alma de fada.
isso ela não consegue alterar.

sabe qual é o problema?
a fada acredita na eternidade, no sublime, e é por isso que ela voa.
cai de vez em quando, mas o vento a segura.
aliás, amava tanto o vento que dizia ter um pedaço dele em si.
o mesmo vento que protegia os duendes, que balançava as árvores,
que confundia o sapo e que fazia dispersar a terra.

a fada queria voltar para a lua
e brincar com as estrelas,
sob o olhar atento do sol,
e com o vento em seu interior.

apesar de estar muito cansada,
preferiu ficar, enfim.
e viver
e deixar viver.


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