sábado, 5 de setembro de 2009

duas frases ... ou três.


muito antiga para ser moderna.
muito vanguarda para ser conservadora.



...e as contradições movem o mundo.



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

você e as palavras.



o que fazer com as palavras ?
guardá-las num potinho e colocar no armário,
pedir para o vento trazê-las de volta
ou simplesmente mantê-las na alma e esperar com o coração ?

acho que prefiro guardá-las até que você ...
você sabe.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

mais uma do Saramago.

O sangue em Chiapas

By José Saramago

Todo o sangue tem a sua história. Corre sem descanso no interior labiríntico do corpo e não perde o rumo nem o sentido, enrubesce de súbito o rosto e empalidece-o fugindo dele, irrompe bruscamente de um rasgão da pele, torna-se capa protectora de uma ferida, encharca campos de batalha e lugares de tortura, transforma-se em rio sobre o asfalto de uma estrada. O sangue nos guia, o sangue nos levanta, com o sangue dormimos e com o sangue despertamos, com o sangue nos perdemos e salvamos, com o sangue vivemos, com o sangue morremos. Torna-se leite e alimenta as crianças ao colo das mães, torna-se lágrima e chora sobre os assassinados, torna-se revolta e levanta um punho fechado e uma arma. O sangue serve-se dos olhos para ver, entender e julgar, serve-se das mãos para o trabalho e para o afago, serve-se dos pés para ir aonde o dever o mandou. O sangue é homem e é mulher, cobre-se de luto ou de festa, põe uma flor na cintura, e quando toma nomes que não são os seus é porque esses nomes pertencem a todos os que são do mesmo sangue. O sangue sabe muito, o sangue sabe o sangue que tem. Às vezes o sangue monta a cavalo e fuma cachimbo, às vezes olha com olhos secos porque a dor lhos secou, às vezes sorri com uma boca de longe e um sorriso de perto, às vezes esconde a cara mas deixa que a alma se mostre, às vezes implora a misericórdia de um muro mudo e cego, às vezes é um menino sangrando que vai levado em braços, às vezes desenha figuras vigilantes nas paredes das casas, às vezes é o olhar fixo dessas figuras, às vezes atam-no, às vezes desata-se, às vezes faz-se gigante para subir às muralhas, às vezes ferve, às vezes acalma-se, às vezes é como um incêndio que tudo abrasa, às vezes é uma luz quase suave, um suspiro, um sonho, um descansar a cabeça no ombro do sangue que está ao lado. Há sangues que até quando estão frios queimam. Esses sangues são eternos como a esperança.



... tive que postar aqui ! Saramago, execelente como sempre e único.

link: http://caderno.josesaramago.org/2009/08/19/o-sangue-em-chiapas/

terça-feira, 18 de agosto de 2009

inspiração.


a inspiração está dentro de nós.
a gente é que insiste em procurá-la fora.
dentro ou fora, é tudo lembrança.
o novo.
o que passou.
o que está.
a alma aberta e livre.
por isso, devemos lembrar:
expirar e inspirar.

uma foto e poucas palavras.

by eder rios.

you gotta live and let live
while the wind blows.
it's all about life.
born to be wild.
this is it.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

brisa.


a fada está voltando aos poucos a sentir.
uma brisa rosa passou
e iluminou o que parecia apagado.

esquecida, precisa lembrar.
a fada que foi e que sempre será.
o mundo invisível.
as almas que, de tão especiais, parecem irreais.
o mundo que se vê.
acontecimentos que, de tão inesperados,
arrepiam.
reais.

será a fada apenas mais uma louca ?
e ela voa ... da loucura à lucidez.
ela é.
e isso basta,
vez em quando.

é preciso sentir a brisa.


sábado, 8 de agosto de 2009

insensível.

a fada anda estranha.
uma espécie de crise às avessas a atingiu.
e ela não entende mais o avesso.
a única coisa que vê é um ponto de interrogação.
e nada mais.

a fada perdeu a capacidade de sentir.
e isso a incomoda.
porque a coisa que mais tinha certeza sobre si
é que sentia demais.
e agora ela está insensível
e não sabe o que fazer.

dói, mas ela não sente dor.
lágrimas não caem.
a fada se perdeu.
de novo.
e ela não sente.
ela não chora.
ela não ri.

a fada diz:
há um vazio.