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era uma vez uma menininha que morava num casa lilás .
desde pequena, fora acostumada a ter tudo o que desejava e na hora que desejava .
tudo era muito perfeito . cada pessoa no seu devido lugar, mesmo que houvesse uma ou outra troca de vez em quando.
para ela, tudo era feito de sorrisos, bonequinhas de pano, sorvetes de morango.
nenhum mal podia atingi-la, assim como nada fora do normal e do ideal entrava no seu mundo .
a casa se assemelhava a uma redoma de vidro.
o que ela não sabia, e que as pessoas próximas pareciam ignorar, é que vidro um dia quebra.
a realidade ou "as coisas como elas são" acabam batendo no seu portão.
e não há como fugir.
não há do que reclamar.
há perdas, há ganhos e há aprendizado.
as coisas acontecem, e muitas não dependem de uma vontade.
simplesmente acontecem.
e era justamente isso que a menininha não entendia.
até que um dia a menininha percebeu que havia crescido.
e que a vida não era só decepção.
e que não era só alegria.
que há coisas que apenas são.
e que há outras que existem apenas para serem mudadas ou ultrapassadas.
desde então, ela passou a olhar para fora de sua casa.
ela viu coisas belas do lado de fora ... e coisas tristes também.
uma coisa, no entanto, ela percebeu :
os olhos já não eram mais os mesmos.
tudo tem dois lados.
e ela enxergava-os, não como uma menininha que fugia da realidade,
mas como um ser humano que vivia .
ela decidira, enfim, viver e não se esconder.
ficar na chuva sem medo de se molhar.
ganhar sem medo de perder.
andar sem medo de cair.
e voar.
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Um comentário:
Se fosse um Casarão... cor de rosa de janelas e portas verdes, eu diria que 'A Menininha' é Morena.
Porque, como a da Casa Lilás, ela viveu muito tempo (e, ainda, até hoje) de 'sorrisos, bonequinhas de pano e sorvetes de morango'... se decepcionou com as pessoas, mas nunca deixou de acreditar nelas e no poder de cada uma delas de fazer bem a outras. Se decepcionou com o mundo, mas nunca deixou de ter fé na vida e no amor. Se decepcionou com ela própria, mas aprendeu a dar novos rumos a sua vida e caminhar com as suas próprias pernas. E, a partir daí, aprendeu. E passou a ser infinitamente mais feliz. :)
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