silêncio, por favor.
eu quero escutar o que não pode ser dito,
e preciso atingir o ensurdecedor da ausência de som.
isso tudo aqui não é mais suficiente pra mim.
eu quero mais.
eu preciso de um pouco mais.
talvez não seja o mais em si, mas o quê.
o quê que todo mundo busca,
mesmo quando não sabe o que está faltando ou o que perdeu.
eu tenho que ver o mundo quando pisco os olhos.
eu quero ver outro mundo quando abrir os olhos ... e quando fechar.
eu preciso sentir, mesmo na falta de sentido.
cheirar o perfume mais suave da flor mais selvagem.
lembrar de lugares, de situações, de pessoas - e de flores - pelo rastro que deixaram quando o vento soprou e revelou o que exalam.
provar o que vomitaram.
vomitar o que provaram.
do gosto ao desgosto.
não porque fizeram, mas porque eu fiz.
eu quero uma luz na escuridão.
eu preciso de um quarto escuro para fugir do sol que está lá fora.
não é apenas o sol que vai aquecer o que esfriou.
não é só porque está frio, que não existe calor
pra você e pra mim.
é porque eu preciso sentir, mesmo na falta de sentido.
então, silêncio.
por favor.
quando os cinco sentidos não são suficientes,
você procura mais um.
e você descobre que esse um é o sentido,
justamente por não ter sentido.
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