terça-feira, 27 de outubro de 2009

sobre um tempo que não volta mais.

naquele tempo, os homens tinham cabelos longos, barba e expressão rude.
era só chegar mais perto que podiam ser notados o brilho no olhar e a doçura nas palavras.
e você me pergunta se esses homens ainda existem.
_ sim. estão por aí, caminhando mansamente em busca de um lugar no mundo do qual sentem não fazer parte.
e você me pergunta como sei disso.
então, respondo:
_ sou do tempo em que as mulheres - também de longos cabelos - eram sensíveis o suficiente para perceber e valorizar pequenos gestos e sutis palavras em meio ao caos.

aquele tempo não volta, e até hoje existem almas perdidas esperando serem encontradas.
almas que vivem um dia de cada vez.
almas que se reconhecem num piscar de olhos.
almas que conversam sem dizer uma só palavra.
almas que, exiladas do seu tempo, não pertencem a lugar nenhum.
porque aquele tempo não volta mais.

e tudo soa como música antiga,
palavras repetidas,
imagens em preto e branco,
flores do campo.
só memórias.
porque aquele tempo não volta mais.

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