sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

para o ano que vem.

como todo fim de ano,
em meio a uma sensibilidade à flor da pele,
nada mais natural do que fazer planos e ter esperança.
então, vamos lá:

que a urgência dê lugar à calma,
que da apatia nasça a luta,
que a dor se transforme em amor.
que consiga me livrar dos excessos, esquecer as faltas e aparar as arestas.
que o ano que vem amanheça a cada novo dia
e se renove a cada minuto de descanso.

bons ventos para nós !

versinhos.

se algum dia você deixar de me olhar,
meus olhos não terão a quem procurar.
se algum dia você me esquecer,
não saberei o que fazer.
se você pensar em partir,
lembre-se que um dia me fez sorrir.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

conversas de copos batidos.

- há muito tempo eu não via velhinhas de cabelo violeta.
- há muito tempo eu não sentava a uma mesa de bar no meio da tarde com o sol brilhando lá fora.
- há muito tempo eu não parava o que estava fazendo pra ver desenho animado na sessão da tarde.
- há muito tempo eu não pensava em mistérios: por que o suco de laranja da rua não gela como o de casa? (o mistério do suco de laranja)
- há muito tempo não contava: éramos três, agora somos quatro.
- há muito tempo eu não ria de coisas tão pequenas.
- há muito tempo não percebia que amo as pequenas coisas da vida.
- há muito tempo eu não passava tanto tempo sorrindo por relembrar a infância.
- há muito tempo eu não via a beleza que se esconde atrás de certos gestos e detalhes.
- há muito tempo eu não sentia que precisava mudar e voltar a sonhar sonhos que insistem em fugir.
- há muito tempo, mesmo que em pensamento, eu não agradecia em vez de reclamar.
- há muito tempo eu não chorava tanto ao ponto de sentir uma dor que não era minha, um medo estranho e uma vontade de gritar minha mãe.
- há muito tempo eu não pensava no que há depois da morte para quem fica e para quem vai.
- há muito tempo eu não queria ser criança sem precisar voltar a ser.
- há muito tempo eu não queria ser qualquer outra pessoa sem precisar deixar de ser eu.
- há muito tempo eu não sentia saudade de ser quem não sou mais.
- há muito tempo eu não celebrava a falta do que fazer em meio a tanto a ser feito.

- há muito tempo eu não sentia tanta vontade de chorar mágoas contidas.
- há muito tempo eu não escutava pessoas falando "que brisa boa!" .
- há muito tempo eu não pensava em como funcionaria um boliche humano.
- há muito tempo eu não imaginava que desgraças coletivas podiam acontecer perto demais.
- há muito tempo eu não percebia olhares que ninguém percebe.
- há muito tempo eu não lembrava que há muita coisa que não lembro. será que apaguei tudo o que era pra ser lembrado?
- há muito tempo eu não sentia que não pertenço a este lugar.
- há muito tempo eu não queria voltar a um tempo em que obrigações eram coisas do futuro.
- há muito tempo eu não sentia falta de olhar um olhar que vê o que não consigo ver.
- há muito tempo eu não tinha vontade de ir embora ...
- há muito tempo eu não sentia que não saber o que escrever é sinal de cansaço.
- há muito tempo não vejo estrelas cadentes.
- há muito tempo não tinha tanta certeza de que o mundo é injusto.
- há muito tempo não me questionava sobre a minha existência.
- há muito tempo ...



atendendo a pedidos: parceria entre a Filha do Vento e a Morena Rosa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

do quando até você .

quando tudo a sua volta diz sim
e o que você sente não tem explicação...
quando o que você encontra
não é o que pensou em procurar ...
quando o que você vê
não pode te dar um abraço...
quando o que você sonha
está numa realidade distante...
quando num fim de uma noite igual a todas as outras
você se lembra de tudo aquilo que poderia ter sido e não foi...
quando você lê sua vida inteira em dois ou três versos
que não dizem nada além de um sentimento sem nome...
quando tudo o que te interessa está à margem ou nas entrelinhas
e você nem ao menos sabe onde está...
quando você descobre que tem um infinito de coisas dentro de si
e não sabe o que fazer com ele...
você percebe a falta.

falta O Olhar,
falta O Abraço,
falta A Palavra,
falta O Sorriso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ela o quê ?

o que Ela tem?
o que Ela faz?
o que Ela sente?
aonde Ela vai?

Ela tem sonhos.
Ela faz o que é preciso.
Ela sente o mundo.
sem rumo, Ela vai .

sonhar para voar.
fazer para sobreviver.
sentir para ser.
ir para seguir.

e assim Ela vive.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

fumaça .

a fumaça era tanta
que deixou o que eu sentia embaçado.
a fumaça me levou pra tão longe
que eu não conseguia lembrar quem era.
a fumaça era tão forte
que fez meus olhos sangrarem
e meu coração lacrimejar.

o que me resta?
fumaça.
onde tem fumaça tem choro.


- uma parceria entre a Lagarta e a Filha do Vento.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

o Encontro, o Sonho, a Despedida .

um Dia, o Olhar.
uma Tarde, a Esperança.
uma Noite, duas Lágrimas.

o nascer do Sol, um Amor.
o Entardecer, um Abraço.
o Anoitecer, o Adeus e um Vazio.

Pessoas.

Eu Amo.
Tu Bebes.
Ele Chora.
Nós Duvidamos.
Vós Escutais.
Eles Fogem.

Eu Grito.
Tu Hesitas.
Ele Ignora.
Nós Jogamos.
Vós Lutais.
Eles Mudam.

Eu Nego.
Tu Ousas.
Ele Perde.
Nós Queremos.
Vós Reparais.
Eles Sofrem.

Eu Tento.
Tu Usufruis.
Ele Vai.
Nós ? Xiii !
Vós ... Zzzzz
Eles Amam.

da nuvem .

você vê aquela nuvem?
eu estava lá.
senti o cheiro do nascer de uma tempestade,
vi pessoas parecerem formigas,
brinquei com anjos que diziam estar me esperando,
e de lá me atirei.
meu sonho não estava lá.

domingo, 15 de novembro de 2009

Mas Eu .

"Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água."


Álvaro de Campos


... e mais uma vez deixo que um dos mestres fale por mim.
grande Pessoa !

terça-feira, 10 de novembro de 2009

...

você pode até pensar
que é tudo muito fácil,
mas não é.

a aparência engana mais do que você pensa.

a ausência de sentido dói.
dói, e ninguém vê.
dói, e você - e só você - sente.

então, você prefere esquecer.
e faz coisas para tentar esquecer.
no final, se dá conta de que há mais coisas para esquecer do que supunha.

e você chora.
não tem o que lembrar
porque nada tem sentido.

sábado, 7 de novembro de 2009

conselhos.

- você precisa se cuidar.
- faça o que você gosta.

- siga seu sonho.
- é melhor você esquecer o que não te faz bem.
- cuidado com os excessos.
- tenha fé.

- liberte-se.
- há dois caminhos para seguir com sua vida: o do amor e o da dor.

- escolha o do amor.



terça-feira, 27 de outubro de 2009

sobre um tempo que não volta mais.

naquele tempo, os homens tinham cabelos longos, barba e expressão rude.
era só chegar mais perto que podiam ser notados o brilho no olhar e a doçura nas palavras.
e você me pergunta se esses homens ainda existem.
_ sim. estão por aí, caminhando mansamente em busca de um lugar no mundo do qual sentem não fazer parte.
e você me pergunta como sei disso.
então, respondo:
_ sou do tempo em que as mulheres - também de longos cabelos - eram sensíveis o suficiente para perceber e valorizar pequenos gestos e sutis palavras em meio ao caos.

aquele tempo não volta, e até hoje existem almas perdidas esperando serem encontradas.
almas que vivem um dia de cada vez.
almas que se reconhecem num piscar de olhos.
almas que conversam sem dizer uma só palavra.
almas que, exiladas do seu tempo, não pertencem a lugar nenhum.
porque aquele tempo não volta mais.

e tudo soa como música antiga,
palavras repetidas,
imagens em preto e branco,
flores do campo.
só memórias.
porque aquele tempo não volta mais.

almas gêmeas .

o que você faz quando percebe que sua alma gêmea
já tem uma outra alma gêmea que, por sinal,
não é você ?

senta e chora.

isso é mais comum do que pensa.

e você levanta e sorri,
como se nada tivesse acontecido.
porque, de fato, nada aconteceu.

ah, ironia do destino.
será que ironia e destino são almas gêmeas ?

uma lágrima cai,
para em seguida um sorriso brotar no canto dos lábios.
ironia do destino.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sobre o que sustenta.

o sonho é doce.
a lágrima é salgada.
o pão pode ser salgado e doce.

o que te sustenta, então, revela:
a vida é feita de sonhos e lágrimas.

esteja preparado:
o caminho é longo e breve,
e apenas você pode
pode percorrê-lo.

tudo não passa de um sonho.

quando você é jovem,
quer o mundo;
quando envelhece,
o mundo não te quer.

você corre e se perde tantas vezes,
que se acostuma.
você procura e encontra,
mas não é o bastante.

você sonha,
mas os pés continuam doloridos de tanto tropeçar.
então, cansado, você dorme.
e sonha.

ausência.

ela estava ali em pé
e tudo girava ao seu redor.
embalada pela música que tocava,
permanecia em transe ...
e no meio disso tudo era a ausência o que mais lhe dóia.

a escrita em mim.

escrevo por não saber
o que fazer
quando minha alma diz
aquilo que não quero ouvir,
quando minha alma mostra tudo o que poderia ter sido
no limiar de quem eu sou,
quando minha alma me faz lembrar de tudo o que deveria ter acontecido
e que não deixei acontecer.

escrevo porque minha alma não cabe em mim.
escrevo para lembrar e para esquecer de mim
e do que existe além de mim.

sábado, 17 de outubro de 2009

dos sentidos.

silêncio, por favor.

eu quero escutar o que não pode ser dito,
e preciso atingir o ensurdecedor da ausência de som.
isso tudo aqui não é mais suficiente pra mim.
eu quero mais.
eu preciso de um pouco mais.
talvez não seja o mais em si, mas o quê.
o quê que todo mundo busca,
mesmo quando não sabe o que está faltando ou o que perdeu.

eu tenho que ver o mundo quando pisco os olhos.
eu quero ver outro mundo quando abrir os olhos ... e quando fechar.

eu preciso sentir, mesmo na falta de sentido.

cheirar o perfume mais suave da flor mais selvagem.
lembrar de lugares, de situações, de pessoas - e de flores - pelo rastro que deixaram quando o vento soprou e revelou o que exalam.

provar o que vomitaram.
vomitar o que provaram.
do gosto ao desgosto.
não porque fizeram, mas porque eu fiz.

eu quero uma luz na escuridão.
eu preciso de um quarto escuro para fugir do sol que está lá fora.
não é apenas o sol que vai aquecer o que esfriou.
não é só porque está frio, que não existe calor
pra você e pra mim.

é porque eu preciso sentir, mesmo na falta de sentido.

então, silêncio.
por favor.

quando os cinco sentidos não são suficientes,
você procura mais um.
e você descobre que esse um é o sentido,
justamente por não ter sentido.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

só ela.

os olhos dela não conseguem mais esconder o que quer que seja.
no meio de tanta coisa é a dor que chama atenção.
e de onde vem ?
ela parece não saber,
está tão ligada ao que a rodeia e tão alheia ao mesmo tempo.
num instante a dor se converte em lágrimas.
e ela chora.
e ela não consegue parar de chorar.
uma música tocando ao longe num mercado a emociona.
uma palavra a deixa longe.
o olhar se perde.
como nos dramas mais estranhos e confusos,
tudo a sua volta a faz lembrar e sentir ...
e ela lembra justamente tudo o que não tem pra lembrar.
e sente o que transborda de seus sentidos,
que talvez só ela tenha.
só ela.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

trechos.

.
que algumas músicas falem por mim,
enquanto o que quero escrever não chega às pontas dos meus dedos cansados e doloridos.

eu, aquela que leva todas as culpas e que sente todas as dores do mundo.
ah, isso não é autopiedade ! é verdade.
experimente juntar inadiáveis responsabilidades e inexplicável sensibilidade (com todas as letras) .
o resultado?
quem vos fala, atravessada por uma tempestade.


então, vamos a alguns trechos:


Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras, satisfeito sorri, quando chego ali e entro no elevador aperto o 12, que é o seu andar,
não vejo a hora de te encontrar
e continuar aquela conversa,
que não terminamos ontem, ficou pra hoje.
[All Star - Nando Reis]


Dizem que a vida é assim
Cinco sentidos em mim
Dentro de um corpo fechado num vácuo de um quarto, espaço sem fim
[Longe - Arnaldo Antunes]



não me falta casa
só falta ela ser um lar
não me falta o tempo que passa
só não dá mais para tanto esperar

para os pássaros voltarem a cantar
e a nuvem desenhar um coração flechado
para o chão voltar a se deitar
e a chuva batucar no telhado

a casa é sua
por que não chega agora?
até o teto tá de ponta-cabeça porque você demora
a casa é sua
por que não chega logo?
nem o prego aguenta mais o peso desse relógio
[ A Casa é Sua - Arnaldo Antunes]


Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente
[Eu Já Não Sei - Antonio Zambujo]


pelo amor de Deus
não vê que isso é pecado
desprezar quem lhe quer bem
não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
abandonado
pelo amor de Deus
[ Sobre Todas As Coisas - Chico Buarque, Edu Lobo]


eu já me preparei
parei para pensar e vi que é bem melhor não perguntar
por que é que tem que ser assim?
ninguém jamais pôde mudar
recebe menos quem mais tem pra dar
[Trajetória - Arlindo Cruz ...]


Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito
E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão?

O que sinto muitas vezes faz sentido
E outras vezes não descubro o motivo
Que me explica porque é que não consigo ver sentido
No que sinto, o que procuro, o que desejo e o que faz parte do meu mundo.
(...)
Mesmo se eu cantasse todas as canções
Todas as canções,
Todas as canções,
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato mas...
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer: estarei aqui.
[Eu Era Um Lobisomem Juvenil - Legião Urbana]


Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto
Até chegar o dia em que tentamos ter demais
Vendendo fácil o que não tinha preço
Eu sei, é tudo sem sentido
Quero ter alguém com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim

Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como eu sei que tens também.
[Andrea Doria - Legião Urbana]


enfim, era mais ou menos isso o que eu queria escrever por enquanto.
confesso que uma certa noite de terça-feira me inspirou, assim como inspirou a Dona do Desabafos & Devaneios.
e sabe de uma coisa?
como dizia o grande quarteto ...

I get by with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends
I get high with a little help from my friends,
Yes I get by with a little help from my friends,
With a little help from my friends.

.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

palavras repetidas .

é assim:
eu contra o mundo.
o mundo contra mim.
eu contra mim.
uma bagunça, dentro e fora.
comecemos, então.

preciso esquecer.
vontade louca de sumir.
minha alma está cansada.
muita coisa não tem sentido.
será que alguma vez houve sentido?
minha cabeça dói.
tensão.
há peso demais nos meus ombros.
eu não entendo.
não consigo entender.
sim, eu tenho saudade do que não sei direito.
não, não sou daqui... e nem de lá.
o mundo está ao contrário,
eu reparei e não consigo acompanhá-lo.
é ... eu sofro demais com as coisas.
e fico enjoada, me desequilibro e caio.
não gosto de jogos.
nasci perdida, cresci perdida.
provavelmente, devo partir sem encontrar
quem ou o que quer que seja.
lugar errado, época errada ...
às vezes fico ausente e voo.
rio descontroladamente.
choro desesperadamente e o céu parece desabar.
não sei ser metade.
há um vazio.
quieta até falar demais.
sensível até ser insensível.
acontece de vez em quando.
acredito em coisas que não se vê
e elas são essenciais.
amo meus pais, meus amigos, meus animais, música e palavras.
e isso, amar, não precisa de explicação.
é por si só.


as palavras são repetidas,
e não há problema nisso.
o coração apertado é meu
e um desabafo não faz mal a ninguém.
o que o cansaço destrói a gente pode reconstruir, se quiser.

crises e problemas de relacionamento, quem não tem?
dinheiro, quem não quer?
paz e amor, quem não precisa?
relaxa.
insatisfação crônica é 'apenas' mais um fruto
da vida louca que criamos ao longo do tempo que hoje nos falta.


por fim, tudo passa.
se há volta, aprende.
sorria e vida que segue.

ah, palavras ...


sábado, 3 de outubro de 2009

...

ela não sabe o que dizer.
o aperto no peito a sufoca.
as dores do mundo a invadem.
mais uma vez.
a mesma história?
ela não quer repetição.
ela precisa de um outro fim.
um novo começo, quem sabe.

sábado, 26 de setembro de 2009

go ahead.

no mundo há três tipos de pessoas:
as que fazem de tudo para resolver seus problemas e seguir em frente.
as que fogem dos problemas
e aquelas que criam os problemas e insistem em se manter neles.

você faz sua vida.
as escolhas são suas, não tem outro jeito.
ao invés de sair por aí culpando quem quer que seja,
responsabilize-se pelos seus atos.
supere e cresça.
dê valor às pequenas coisas da vida.
é delas que você vai sentir falta,
uma vez ou outra.
e o mais importante:
reflita, mas não perca o encanto.
use a razão sem esquecer a emoção.
não tente separar os dois.
pode não ter volta.


pensando bem.
eu não me importo se você não se importa.
simples assim.

o que é verdadeiro fica, independente do que aconteça.
em frente, sempre.

domingo, 20 de setembro de 2009

a Margarida e um certo Cravo.

no jardim havia uma Margarida.
ela era diferente, achavam-na estranha.
e isso nem precisava ser dito.
até que um dia ela conheceu um certo Cravo.
naquele momento, ele era um cravo como outro qualquer.

muitas coisas aconteceram no jardim
a Margarida passou por mudanças.
o vento sacudia a cada dia mais suas pétalas.
e ela já estava acostumada às tempestades e ao sol que brilhava de vez em quando.

a Margarida, numa dessas ventanias,
se aproximou do Cravo.
e percebeu que ele também era estranho.
e como (quase) tudo o que é estranho a encanta, ela se encantou.

há um tempo atrás,
a Margarida não queria se encantar com mais nada.
e como nem tudo é como se quer ...
ela não sabe o que fazer,
mas aprendeu a desfazer.

então, espera os sinais
e tenta se manter mais presa à terra.
as nuvens a deixam perdida.

e essa Margarida não precisa de um certo Cravo para ficar perdida,
embora perder-se com outro deva ser bem melhor.
afinal de contas, também no jardim a vida é feita de perdas...
e de encontros.


domingo, 13 de setembro de 2009

os olhos.


os olhos distantes.
os olhos cinzas.
os olhos cansados.
os olhos castanhos.
os olhos fechados.
os olhos pintados.
os olhos inchados.
os olhos vermelhos.
os olhos abertos.
os olhos coloridos.
os olhos distantes.
os olhos.

mais do que você pode ver.
mais do que você quer revelar.
o que você sente.
o que os outros são com você.
o que você é.

os olhos não mentem.
os olhos são.
e isso é tudo.

conversa .


- por onde anda aquela menininha?
- dizem que foi por aí.
- ela fugiu?
- ninguém sabe.
- ela se esconde. ela sempre se escondeu.
- não, acho que ela apenas não entende.
- o que ?
- o que faz o mundo girar.
- meu Deus, mas por quê ?
- são muitas perguntas, e ela não suporta o fato de não ter respostas.
- é a vida.
- é, a vida ...



sábado, 5 de setembro de 2009

a Rosa Sorridente, o Cravo e o Cravo da Metade .

é uma história simples .
a vida é que é complicada .

Ela, uma Rosa Sorridente.
ele, um Cravo.
e Ele, outro Cravo com Metade de um Sorriso.

é uma história simples .
a vida é que é complicada .

a Rosa Sorridente
se sente segura ao lado do Cravo,
ela o ama, mas ele não a completa.

é uma história simples .
a vida é que é complicada .

o Cravo da Metade, sempre ao lado da Rosa.
sim, eles se amam.
e eles sabem que se completam.
eles sentem que juntos, são tudo.
juntos, eles são.

é uma história simples .
a vida é que é complicada .

a Rosa Sorridente foi feita para o Cravo da Metade,
mas não para estarem juntos.
apesar de ser a manifestação mais sublime, pura e verdadeira,
o inteiro sufoca.
e eles precisam ser livres.

é assim que são feitos os romances.
é uma história simples .
a vida é que é complicada .

o Cravo ama a Rosa.
a Rosa ama o Cravo.
o Cravo da Metade ama.
é assim que são feitos os romances.
é uma história simples .
a vida é que é complicada .



[inspiração: Vicky Cristina Barcelona.]

duas frases ... ou três.


muito antiga para ser moderna.
muito vanguarda para ser conservadora.



...e as contradições movem o mundo.



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

você e as palavras.



o que fazer com as palavras ?
guardá-las num potinho e colocar no armário,
pedir para o vento trazê-las de volta
ou simplesmente mantê-las na alma e esperar com o coração ?

acho que prefiro guardá-las até que você ...
você sabe.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

mais uma do Saramago.

O sangue em Chiapas

By José Saramago

Todo o sangue tem a sua história. Corre sem descanso no interior labiríntico do corpo e não perde o rumo nem o sentido, enrubesce de súbito o rosto e empalidece-o fugindo dele, irrompe bruscamente de um rasgão da pele, torna-se capa protectora de uma ferida, encharca campos de batalha e lugares de tortura, transforma-se em rio sobre o asfalto de uma estrada. O sangue nos guia, o sangue nos levanta, com o sangue dormimos e com o sangue despertamos, com o sangue nos perdemos e salvamos, com o sangue vivemos, com o sangue morremos. Torna-se leite e alimenta as crianças ao colo das mães, torna-se lágrima e chora sobre os assassinados, torna-se revolta e levanta um punho fechado e uma arma. O sangue serve-se dos olhos para ver, entender e julgar, serve-se das mãos para o trabalho e para o afago, serve-se dos pés para ir aonde o dever o mandou. O sangue é homem e é mulher, cobre-se de luto ou de festa, põe uma flor na cintura, e quando toma nomes que não são os seus é porque esses nomes pertencem a todos os que são do mesmo sangue. O sangue sabe muito, o sangue sabe o sangue que tem. Às vezes o sangue monta a cavalo e fuma cachimbo, às vezes olha com olhos secos porque a dor lhos secou, às vezes sorri com uma boca de longe e um sorriso de perto, às vezes esconde a cara mas deixa que a alma se mostre, às vezes implora a misericórdia de um muro mudo e cego, às vezes é um menino sangrando que vai levado em braços, às vezes desenha figuras vigilantes nas paredes das casas, às vezes é o olhar fixo dessas figuras, às vezes atam-no, às vezes desata-se, às vezes faz-se gigante para subir às muralhas, às vezes ferve, às vezes acalma-se, às vezes é como um incêndio que tudo abrasa, às vezes é uma luz quase suave, um suspiro, um sonho, um descansar a cabeça no ombro do sangue que está ao lado. Há sangues que até quando estão frios queimam. Esses sangues são eternos como a esperança.



... tive que postar aqui ! Saramago, execelente como sempre e único.

link: http://caderno.josesaramago.org/2009/08/19/o-sangue-em-chiapas/

terça-feira, 18 de agosto de 2009

inspiração.


a inspiração está dentro de nós.
a gente é que insiste em procurá-la fora.
dentro ou fora, é tudo lembrança.
o novo.
o que passou.
o que está.
a alma aberta e livre.
por isso, devemos lembrar:
expirar e inspirar.

uma foto e poucas palavras.

by eder rios.

you gotta live and let live
while the wind blows.
it's all about life.
born to be wild.
this is it.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

brisa.


a fada está voltando aos poucos a sentir.
uma brisa rosa passou
e iluminou o que parecia apagado.

esquecida, precisa lembrar.
a fada que foi e que sempre será.
o mundo invisível.
as almas que, de tão especiais, parecem irreais.
o mundo que se vê.
acontecimentos que, de tão inesperados,
arrepiam.
reais.

será a fada apenas mais uma louca ?
e ela voa ... da loucura à lucidez.
ela é.
e isso basta,
vez em quando.

é preciso sentir a brisa.